Quando a cama fica vazia

Algo muito comum no consultório é receber pessoas que estão passando por processo de separação, seja namoro, ou casamento. A maioria são separações indesejadas. Com isso, quando chegam à terapia se encontram profundamente angustiadas, perdida e chorando muito pela perda.

Por mais que encontrem motivos racionais para relação ter chegado ao fim, há sempre uma imensa dificuldade em desapegar da pessoa amada. Isso ocorre não por que você é incapaz de seguir adiante sua vida, mas envolvem diversos fatores, entre eles a forma como estabelecemos o vínculo.

O processo de estabelecimento do vínculo é iniciado na infância com nosso cuidador principal. Este vínculo será como um molde para o estabelecimento dos futuros vínculos seja de amizade, até nosso parceiro ou parceira. Será que nos sentimos amados pelo nosso primeiro cuidador? Esta relação foi suficientemente boa? Tinham conflitos, brigas, discussões? Como foi a primeira experiência de um casal? Uma família?

São questões cruciais, pois o que encontro em relatos no divã são diversas relações onde uma das partes se sente excluída, indesejada, pouco ou nenhum afeto, não valorizada, não ouvida, diversos relatos de agressão física, psicológica, traição. Por mais que racionalmente é melhor não continuar essa relação à consciência de encontrar-se sozinha desperta uma intensa angústia, isso porque, revivemos nossas primeiras relações de vínculos que foram frustradas, pois não recebemos o que desejávamos e ainda hoje buscamos.

Certamente você esta pensando: Mas, como resolver isso? Não tem como retornar ao passado e reviver diferente a relação com meu cuidador principal, ou mudar a relação dos meus pais. E eu lhe digo que é isso mesmo não tem como mudar o passado, contudo, tem como ressignificar todas as relações para fazer um futuro diferente.

Ressignificar é atribuir novo significado para relações passadas. Isso se da à medida que vamos esvaziando os significados que foram estabelecidos. Através da fala damos vazão aos significados estabelecidos desde o nosso nascimento. Recordar é viver novamente, sentir de novo, e com ele pode vir tristeza, lágrimas, uma explosão de sentimentos. Conforme vamos esvaziando, um novo espaço vai surgindo, este espaço é a abertura para novos significados, para o novo que é a melhor versão de nós.

Não tenhamos medo do melhor que você pode ser